sábado, 23 de novembro de 2019


A importância do construtivismo para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças na etapa de 0 a 6 anos.


Sendo o conhecimento algo que não é pronto e acabado, ele está em permanente construção, uma vez que se constitui na interação do sujeito com o meio físico e social. Nesse sentido, a teoria do construtivismo é adotada pela educação com a finalidade de desenvolver nos seus alunos competências e habilidades para que sejam protagonistas do processo de ensino- aprendizagem.
PIAGET derruba a idéia de um universo de conhecimento dado, seja na bagagem hereditária (apriorismo), seja no meio (empirismo) físico ou social. Criou a idéia de conhecimento-construção, expressando, nessa área específica, o movimento do pensamento humano em cada indivíduo particular, e apontou como isto se daria na Humanidade como um todo. (BECKER,2009,p 2)

Nesse sentido, o sujeito e o objeto estão em permanente construção, isto é, ambos se dão na interação. Ao agir sobre o objeto, o sujeito o assimila, modificando-o.
Para entendermos o desenvolvimento das crianças é preciso conhecer alguns conceitos que estão inter-relacionados, tais como: maturação, desenvolvimento e aprendizagem. A maturação refere-se às transformações que ocorrem no decorrer da evolução dos indivíduos nos aspectos físicos e biológicos. Já o desenvolvimento está condicionado à linguagem, memória, raciocínio entre outros. Por último, temos a aprendizagem como resultado do processamento de informações, tais como: valores, habilidades, novos conhecimentos do meio sociocultural. (BASSEDAS, 1999)


Logo, as crianças de zero a seis anos sofrem mudanças que designam cuidados que com o passar do tempo aumentam a sua complexidade, tendo em vista que querem que sejam atendidas as suas vontades, desejos e vontades, como: ter a companhia de alguém, comer, etc. e passam a usar a linguagem discriminando o que de fato querem e/ou necessitam. A saber, a complexidade é inerente ao processo de desenvolvimento do ser humano.
As crianças herdam de seus pais informações genéticas, ou seja, aquilo que vem a caracterizar o ser humano, isto culmina no calendário de maturação formado a partir do código genético.
Esse calendário de maturação é especialmente indicativo das possibilidades e da sequência de desenvolvimento nos dois primeiros anos de vida, já que está muito relacionado a uma maturação neurológica essencial. [...] as aquisições estarão marcadas por outros aspectos, como a estimulação e a ajuda recebida do exterior. (BASSEDAS, 1999, p.22)
Por essa razão é importante que os adultos interajam com as crianças de tal modo que as proporcione a estimulação social e pessoal, o que significa dizer que o convívio pode interferir diretamente na construção biopsicossocial da mesma.

Entenda a visão de Vygotsky e Piaget sobre a relação entre o desenvolvimento e a aprendizagem.

Sobre a aprendizagem e desenvolvimento é importante que as instituições de ensino não estigmatizem esses processos, isto é, que um só ocorrerá se o outro vier primeiro e vice-versa. Para Piaget a aprendizagem advém do desenvolvimento da criança, já para Vygotsky esses dois processos acontecem de forma interligadas, em outros termos, quanto mais se aprende mais se desenvolve. Isso quer dizer que não há aprendizagem sem interação com outras pessoas, uma vez que a interação favorece o estabelecimento das funções psicológicas superiores.
Ainda falando sobre o pensamento de Vygotsky, as crianças começam a utilizar como meio de comunicação a linguagem, a qual em interação com o outro se transforma em pensamento, por isso a importância de proporcionar a criança a oportunidade de se relacionar com o outras pessoas (pais, professores de educação infantil, crianças mais velhas etc.) para que possam realizar coisas que jamais seriam alcançadas sozinhas. Logo, com essa aprendizagem elas se tornam mais autônomas. Para Vygotsky:

[...] tudo o que a criança pequena sabe fazer com a ajuda, a orientação e a colaboração de pessoas mais capazes é [...] o nível de desenvolvimento potencial. Aquilo que a criança pequena já é capaz de fazer sozinha no mesmo momento pode ser considerado o nível de desenvolvimento efetivo. Aquilo que a criança pequena sabe fazer com ajuda de outras pessoas mais capazes e não sozinha, Vygotsky destaca o que acontece porque algumas funções não estão totalmente desenvolvidas mas em desenvolvimento.(BASSEDAS, 1999, p.24)

Diante desse conceito de zona de desenvolvimento potencial podemos inferir que a aprendizagem facilita e promove o desenvolvimento. Nesse sentido é importante que os capazes tenham bem definidos os seus papéis no processo de estimulação dessa criança para que esta aprimore suas capacidades. Daí a importância da concepção construtivista do desenvolvimento e da aprendizagem.
Então, como as crianças aprendem?
Tanto os meninos quanto as meninas alcançam níveis de aprendizagem de formas diversas, ideia defendida na história da psicologia e da pedagogia quando tentam explicar o processo de aprendizagem das crianças de zero a seis anos.
[...] podemos considerar a existência de diversos caminhos, diferentes maneiras de aprender, cada uma destacada por referentes teóricos variados: aprendizagem através da experiência com os objetos, a aprendizagem através da experiência em determinadas situações, a aprendizagem através do prêmio e do castigo, a aprendizagem por imitação e a aprendizagem da formação de ,"andaimes" por parte da pessoa adulta ou outra pessoa mais capaz. (PALÁCIOS, 1991 apud BASSEDAS, 1999, p.25)

A experiência com os objetos contribui para que a criança se sinta e se reconheça no manuseio, na experimentação e compreenda o ambiente que a cerca. A saber, uma criança desenvolve o esquema de ação, segundo Piaget, quando é capaz de segurar um objeto, isto é, o que ela consegue fazer com ele na fase dos quatro meses, por exemplo. Ao passo que ela vai adquirindo experiência, por volta de um ano e meio, com objetos ela vivencia condutas complexas (quando pode emitir pareceres, se o objeto tem gosto, faz barulho, se locomovem etc.). Diante disso, Piaget trata dos conceitos de assimilação (o sujeito age sobre o objeto transformando-o) e acomodação (a criança adapta-se a novos conhecimentos mais complexos).
Trazendo essa leitura do processo de aprendizagem para as salas de aula, o professor tem a incumbência de passar um ensino significativo para que de fato a criança possa ser sujeito ativo na produção do conhecimento.
Quanto à experiência com as situações, essas se dão no cotidiano da criança, proporcionando formar esquemas, que contribuem para antecipar o que sempre ocorre em situações corriqueiras, em determinados horários ou momentos, em casa ou na escola, por exemplo, constituindo-se rotinas nas quais elas se habituam, por essa razão, há a necessidades de inserir novas experiências com segurança para que elas se desenvolvam ainda mais. Vale destacar, que assim, a criança assume uma postura de cuidado, respeito, privação e, inclusive, de planejamento diante de certas situações nas quais ele deve ser parte do processo.
Em relação aos prêmios e os castigos, estes estão condicionados as condutas das crianças visto que podem ser premiadas (que seja com um abraço, um presente etc.) ou castigadas (com uma palavra de repreensão, uma entonação de voz alta etc) isto contribui para que elas consigam discernir limites e possibilidades em determinadas situações, exemplo: numa relação de professor aluno, pais e filhos, entre outras. Isso, não significa dizer que ao tomar conhecimento do que seja certo e errado, proibido ou livre, as crianças necessariamente irão obedecer, posto que sentem-se desafiadas a driblar as regras em seu benefício.
Vale ressaltar que estas regras devem ser impostas, no entanto, devem ser flexibilizadas quando necessário, tendo o cuidado em zelar pela dignidade da criança, isto é, não privá-la de seus direitos e não ocasionar situações de frustração, como constrangimento e insegurança, por exemplo.
 As aprendizagem por imitação ocorrem muitas vezes para as crianças da educação infantil através da observação e da reprodução que se vivenciam ao seu redor em diferentes ambientes, quer seja em casa, na escola, na igreja, as se tornam referências daquilo para o que eles gostariam de se tornar. Sendo através de jogos simbólicos que a criança é capaz de exprimir fatos que marcaram sua vida de forma positiva ou negativa ou ainda seus desejos para o presente ou vida futura.





A aprendizagem por meio da criação de andaimes e a aprendizagem compartilhada.

As crianças pequenas (de zero a seis anos) aprendem de forma compartilhada com os adultos ou com outras crianças mais velhas que elas, por meio da interação. Onde elas são orientadas, conduzidas, diante das atividades, ora atuam mais, ora atuam menos, a depender do objetivo proposto. Com o passar do tempo elas passam a ser protagonistas ao passo que são envolvidas nas atividades estimulando, portanto, seu desenvolvimento.
Quando o adulto orienta as ações pode-se dizer que ele está atuando na Zona de Desenvolvimento Potencial da criança, ou seja, essa passa a realizar tarefas sozinha a partir do que ela já sabe, em outras palavras ela repete o que aprendeu:
[...] não é qualquer tipo de interação que é válida, no sentido de ajudar a provocar o desenvolvimento pessoal. Podemos dizer que são necessárias três condições para que isso seja possível [...] Em primeiro lugar, a criança precisará ter adquirido um certo grau de maturação [...]. Em segundo lugar, para que as interações promovam o desenvolvimento, é necessário que partam de onde está a criança [...] para animá-la a dar pequenos passos que signifiquem aprendizagem e incorporação de coisas novas. (BASSEDAS, 1999, p.29).
Então, as relações que se estabelecem entre os adultos e as crianças deveriam ser pautadas em ações positivas, construtivistas com intuito de oportunizar novas aprendizagens que instiguem suas habilidades e potencialidades por meio de ações conjuntas, contribuindo desta forma para a formação integral da criança por meio de aprendizagem significativas.

Considerações Finais:

Em síntese, a importância do construtivismo para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças na etapa de 0 a 6 anos é imprescindível dado que são respeitadas as fases de seu desenvolvimento e a interação com o meio físico e social. Contribuindo, portanto, para que o sujeito seja ativo e autônomo diante do conhecimento a partir de práticas pedagógicas que valorizem o cotidiano das crianças, para que suas habilidades e competências sejam desenvolvidas por meio de uma aprendizagem significativa.  


EMBASAMENTO TEÓRICO:

BASSEDAS, Eulália; HUGUET, Teresa; SOLÉ, Isabel. Desenvolvimento e aprendizagem na etapa de 0 a 6 anos. In: ______. Aprender e ensinar na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 1999. cap. 1, p. 20-30.


BECKER, F. (2009). O que é construtivismo? Desenvolvimento e Aprendizagem sob o Enfoque da Psicologia II. Porto Alegre: UFRGS - PEAD.Disponível em:<

Fundação Televisão Educativa de Jundiaí | 2017. As crianças aprendem imitando. Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=ycXBghGCpig&t=5s> Acesso em: 23 de novembro de 2019.

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